Assisti um vídeo dentro das minhas inscrições do YouTube que me irritou profundamente -- embora eu ainda não consiga formular em todos os níveis porque ele me irritou tanto, mas estamos chegando lá (caso você fique curioso, o link está aqui: https://youtu.be/5L23Q7fFR9c). Tenho uma relação meio que de "amor e ódio" com esse canal -- acho que tecnicamente o cara dá umas dicas boas, mas quando ele vai falar de "arte", mercado e profissão, apesar de ele ser novo, sai de dentro do coração e da cabeça um velhinho de 60 anos, com uma visão meio complicada do mundo... Diria que um equivalente "taxista" da produção visual, mas tudo bem. Não digo que o cara está errado -- com certeza ele tem bastante experiência prática na qual basear suas opiniões. Mas ao longo dos anos, tenho percebido uma tendência em quem trabalha com Design Gráfico, Ilustração e afins a ter uma visão de mundo um pouco complicada, generalizando o mundo por suas experiências pessoais. Isso me irrita.
Se você assistir o tal do vídeo, quero que você perceba o uso da palavra "artista", que foi o que mais me irritou. Eu sei que artista é uma palavra complicada. Complicada como "criativo", por exemplo -- onde estão os limites? O que define uma pessoa ser "artista", "criativo" e outro não -- pois afinal, o que é arte? O que é criatividade? Não faltam definições, assim como não faltam pessoas no mundo... Mas definitivamente me irrita profissionais com atividades específicas; como ilustradores, desenhistas, designers gráficos etc., se intitularem como "artistas" porque exercem essas atividades de maneira remunerada. Você não precisa ganhar dinheiro com isso para se considerar um "artista"... De fato, na maior parte das vezes, por mais que você seja um artista com trabalhos autorais (e sim, eu puxo a sardinha que arte, independente do nível, precisa de um composto autoral identificável) a atividade que faz você ganhar dinheiro não é essa: é design, é ilustração -- nem todo site precisa ser uma obra de arte, nem todo mascote de supermercado precisa competir com a Monalisa... E está ok. Parece que os profissionais de atividades visuais tem mais problemas em entender isso -- redatores, por exemplo, não esperam escrever um folder pensando "WHWD - What Hemingway Would Do?".
Se vamos falar de artistas, eu fecho mais com a abordagem do Jazza do canal "Drawing With Jazza". A coisa é mais ampla do que as pessoas financeiramente envolvidas tendem a dar a entender. Embora ele esteja mais focado em acabar com os preconceitos relativos aos meios e tipos de produção, eu acho que o mesmo raciocínio se aplica as pessoas que a realizam. As coisas tratadas no vídeo inicial do Tiago, podem definir se você será um desenhista/ilustrador melhor ou pior -- mas são incapazes de definir se você será ou não um artista... Quanto mais se será um artista melhor ou pior. Pensamentos assim, são o que fazem muita gente largar os lápis depois dos 20 (ou até antes) simplesmente porque não tem "o que é preciso para ser um artista profissional"... Não tem essa de "artista profissional". Tem arte. Tem gente que faz. Tem gente que ganha dinheiro com isso. Tem gente que gasta de dinheiro com isso. Está tudo ótimo pra todo mundo se você estiver feliz com aquilo que está fazendo, da forma como está fazendo.
Draw With Jaza - How to (NOT) be an artist - https://youtu.be/h8L-0VR6PP4
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